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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

As minhas férias de Verão



Neste verão, como não podia deixar de ser, sempre que podia estava dentro de água mas não fui brindado com nenhum troféu, apesar de todo o esforço… talvez seja porque durante este período os grandes troféus sintam mais agitação junto às praias e optem por andar mais afastados, por estes motivos gosto mais de caçar durante o inverno, mesmo que não apanhe nada de especial tenho uma praia só para mim…
Resumindo as férias em mergulhos, resulta algumas caçadas no Cabo de Sines e molhe W, praia da costa do norte, perceveira, aguião, pedra do homem, a sul no Burrinho e no malhão. Estes locais ainda deram alguns frutos, noutras praias fui só molhar o fato…
As fotos mostram o peixe capturado no molhe W e junto ao Cabo de Sines, tive pena de só ter capturado um robalo porque vi uns seis nos blocos do molhe mas eram difíceis de acertar porque via-os de cima e nunca paravam a tiro, ainda rasguei dois. Só quando conseguia entrar por baixo dos blocos é que tinha oportunidade de um bom tiro…os sargos eram poucos, pequenos e magros junto ao molhe…alguns melhores só mergulhando mais fundo, por fora do cabo, onde o fundo é rocha ou entralhados.


Mais por fora sempre se encontravam bons bodiões e também encontrei um pargo.

Num destes dias tive a oportunidade de caçar com o Cte Mourinha na praia a norte de Sines (Canto Mosqueiro), nesse dia os lírios foram a nossa sorte, apanhei 5 dentro dos cardumes de peixe porco mas o intuito da nossa caçada era capturar uma corvina, poucos dias antes tinham capturado uma nessa praia com 53kg mas quando nós entramos toda essa zona já estava muito batida…


Enfim este foi um breve resumo das minhas caçadas em Sines, espero que sintam vontade de cá vir, pois eu conheço aqui boas zonas para caçar e a companhia é sempre bem vinda…

Boas caçadas

Jorge Luz

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vídeo sobre a Pesca Submarina

Aqui vai um link para um vídeo que, na minha opinião, descreve muito bem o que é a pesca submarina. Digam o que é que acham (tem comentários em francês).

http://www.youtube.com/watch?v=noZFJS5x7BM

António Mourinha

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Anchovas de S. Miguel...


Como sabem, encontro-me em comissão na ilha de S. Miguel desde Outubro de 2008. Ao longo do ano, a temperatura das águas oscilou entre os 15 (Janeiro a Março) e os 21 (Agosto a Outubro) graus. Desde Julho que é relativamente frequente ver-se duas ou três anchovas por mergulho, sendo que estas são extremamente desconfiadas em mar aberto, excepto em algum momento de sorte onde se possa ver um cardume de dimensão razoável e escolher um exemplar. No entanto, no fim da enchente e na praia mar, é relativamente comum dar com elas a caçar na espuma, quase em seco. É nessa altura que se podem fazer belas capturas de exemplares que podem atingir os 7 ou 8kg, apesar de a maior que já capturei ter 4,6kg. O tiro deve ser certeiro, pois o peixe tem muita força e a sua carne rasga com alguma facilidade, levando-nos ao desespero completo. Mas a sensação de ter apanhado um peixinho destes é do melhor. Ao longo do ano terei apanhado umas oito ou dez, e acreditem que escalada na grelha dá uns belos petiscos.



A primeira e maior que apanhei entrou-me ao agachon a 7m em Junho, quando ainda não estava preparado para tal e mal me viu deu meia volta e começou a afastar-se. Como estava bem armado (100 com dois elásticos de 16, duas voltas de fio e carreto), arrisquei o tiro e acertei na zona da barriga, dando-lhe espaço para não se rasgar. Ao fim de talvez um minuto e quando estava quase a meter-lhe as mãos, vi-a rasgar-se e desaparecer no azul, para grande desespero meu, como devem imaginar. Continuei a minha caçada (apesar de a considerar estragada), por mais algum tempo, batendo alguns buracos e fazendo umas esperas quiçá imaginando a entrada de uma irmã ou da mãe… No final da caçada, quando regressava passando por uma fenda onde já tinha antes dado com uns cavacos, vi a 15 metros um peixe a estrebuchar junto ao fundo, numa zona de areia entre duas rochas e rapidamente percebi que era ela. Mergulhei e quando cheguei perto, disparei e trouxe-a para cima comigo. Afinal o azar anterior tinha-se tornado numa chouriçada monumental, pensei ao colocá-la no enfião.


Este episódio serviu-me para mais uma vez confirmar que a solução está na persistência e que só indo à água sempre que possível se arranjam umas histórias para contar.
Boas caçadas,
Rogério Santana

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Aventuras em África: Gabão


Compromissos profissionais conduziram-me a África durante vários meses no início de 2009, mais especificamente à costa ocidental africana e Golfo da Guiné, tendo a oportunidade, nesse périplo, de visitar, entre outros países, o Gana, os Camarões, o Gabão e o Senegal. Relato aqui, de forma sumária, as minhas parcas experiências relacionadas com a pesca submarina nestes quatro países: desta vez é sobre o Gabão.


Port Gentil, GABÃO

Após os mergulhos no Gana e nos Camarões, consegui realizar o meu 3º Round de Pesca Submarina em África, agora no Gabão, e não obstante as condições estarem péssimas: já começou há algum tempo a época das chuvas e o mar encontrava-se verdadeiramente castanho.
Aqui em Port Gentil, toda a costa é de areia por isso os únicos locais onde se pode praticar pesca submarina é nas plataformas petrolíferas que se encontram mais ao largo. Para conseguir ir até às plataformas fui até ao porto de pesca para ver se encontrava algum pescador que me levasse. Por acaso conheci lá um pescador S. Tomense, o Vicentino, agora radicado no Gabão após ter casado com uma Gabonesa. Ele disse-me que provavelmente era possível encontrar água limpa mais para o largo. Actualmente Vicentino já não vai ao mar pois é proprietário de um pequeno bar junto ao mercado do peixe, contudo é também dono de dois barcos de pesca com companha também de S. Tomenses, e disponibilizaria um dos seus barcos e tripulação para irmos à pesca no Sábado.
Combinei de lhe pagar o combustível e de lhe dar o peixe capturado, o que poderia ser um bom negócio, consoante as capturas que fizesse.


1. Eu e o Carl Friedrich frente a um robusto pequeno almoco local.


Assim no dia combinado lá estava no porto de pesca acompanhado de dois companheiros de pesca: um americano actualmente a viver em Estugarda, o Carl Friedrich e outro espanhol, de Cádis, o Carlos del Corral. O primeiro era a segunda vez que mergulhava em apneia, enquanto que o espanhol já costumava fazer pesca submarina na sua zona. Tomámos um robusto pequeno-almoço local enquanto aguardávamos pelo Vicentino. Antes deste chegou a sua tripulação, que nos iria acompanhar na nossa jornada. Primeiro chegou o António “Russo”, um S. Tomense, de olhos azuis e tez clara a denunciarem o pai português, e depois o Pascoal, pescador da Guiné Equatorial a tentar a sua sorte por terras Gabonesas. Finalmente o patrão chegou, tratou do reabastecimento e da provisão de gelo (pelos vistos estava com fé nas capturas), e, finalmente, enquanto largávamos para o mar, ia dando, do cais, recomendações ao “Russo” sobre os locais a visitar.

2. Carlos del Corral com a sua faca contra os tubarões.

Pelas 09:00 já seguíamos a toda a velocidade rumo a Oeste para contornar o Cap Lopez e daí seguir para sul onde se encontram bastantes plataformas petrolíferas e esperávamos encontrar também água limpa. Enquanto navegávamos, eu e Carl reparámos que Carlos estava a atar com uma filaça aos seus calções uma faca, que terá pertencido ao talher de um qualquer restaurante. Alguns dias antes ele tinha-me manifestado alguma preocupação por irmos mergulhar num local onde poderia haver tubarões e por não ter uma faca de mergulho, mas eu não queria acreditar que era por isso que ele estava a fazer aquela operação. Questionado, Carlos apenas exibe orgulhoso a sua “faca anti-tubarão”: eu e Carl tivemos que registar o momento com as máquinas fotográficas, para não corrermos o risco de ao contar a história virmos a ser apelidados de mentirosos!

3a Pascoal e António “Russo” ao leme à passagem por Cap Lopez.


Contornamos Cap Lopez e navegamos para sul à procura de água limpa. Passamos uma primeira plataforma e a água estava castanha, então seguimos mais para o largo para uma outra pequena plataforma a cerca de 8 milhas de costa. À medida que nos íamos aproximando a esperança de encontrar água limpa ia diminuindo, pois a cor da água persistia em manter-se castanha... Ao chegarmos havia um cardume de uma espécie de cavalas ou de pequeno atum a alimentar-se à superfície da água. Contornamos a plataforma mantendo um corrico na água, uma dessas cavalas atirou-se ao corrico e logo se viu uma "Carpe Rouge" de bom tamanho a saltar para a comer: de facto só ficou a cabeça! Perante este cenário, e após duas horas de navegação e nem um mergulho, mesmo com a água completamente turva decidi experimentar mergulhar!

3b Eu, o António “Russo” e o Pascoal.

4. A pequena plataforma desactivada escolhida para a pesca.

Mas, logo ao entrar na água para amarrar o barco à plataforma pude verificar que as condições ainda estavam piores do que apenas a água suja: havia uma corrente de cerca de 2 nós e uma vaga larga de 1 m a 1,5m que dificultava inclusivamente que me pudesse agarrar às estruturas para descansar e preparar os mergulhos. Mas, por outro lado, pude verificar que a água a cerca de 5 m de profundidade limpava bastante e que se passava, como que por magia, de uma situação de menos de 1 m de visibilidade para cerca de 8 m de visibilidade.
Mesmo assim posso dizer-vos que não é uma situação nada agradável, num sítio onde sabemos que podem haver tubarões não conseguirmos ver da superfície o que quer que seja que ande à nossa volta!
Carlos del Corral, mesmo nesta situação, não se intimidou e saltou também para a água confiante na sua faca e cheio de vontade de apanhar peixe!

5. Carlos: “Tubarões? Com a minha faca no bolso venham eles!”

6. O “Russo” com uma moreia pescada à linha.


"Carpe rouge" não vi nenhuma mas vi uma "Carpe noire" (os S.Tomenses chamam a ambas corvinas) que teria uns 7 kg e que se comportava como um peixe pelágico mas que nunca me deixou aproximar. Havia também um cardume de Carangídeos, que se situariam entre os 7 e os 15 kg mas que estavam reticentes em aproximarem-se e exigiam uma apneia que estava com dificuldade em atingir por estar sempre a nadar. Ao fim de cerca de meia hora consegui aproximar-me de uma boa Barracuda que se encontrava na zona no meio dos pilares, onde era difícil eu ir, porque, com a corrente, a bóia se emaranhava nas estruturas. Mas consegui arpoa-la, e subi à superfície para respirar. Aqui estava a caçar com o cabo da bóia (mangueira) com apenas 14 metros. Desta forma mesmo que um peixe se prendesse nas estruturas submersas eu conseguiria ir busca-lo, pois os 14 metros mais os 6 metros da arma com o cabo e o arpão davam 20m, profundidade que me permitiria com relativa facilidade recuperar o arpão (lição aprendida após a perda de um arpão nos Camarões pelo meu parceiro quando estávamos a pescar com fundos não acessíveis). Esta revelou-se uma boa medida pois a barracuda obrigou-me logo a testar o estratagema: emaranhou-se nas estruturas e tive que mergulhar a recuperá-la, tinha 12 kg!


7. Uma barracuda com boa saude oral: nem tartaro, nem caries.


Após mais alguns mergulhos na zona de sota-corrente consegui arpoar (pelo rabo) um carangídeo (caranx hippos), chamado em S. Tomé de Corcovado, já de bom tamanho e que deu boa luta, mas que consegui capturar: tinha 10 kg. Mergulhar na zona de sota-corrente era mesmo a melhor opção pois a bóia e nós íamos derivando para fora evitando que o peixe fugisse para as estruturas.
Mais alguns mergulhos e arpoei outro carangídeo ligeiramente maior que o primeiro, mas quando o ia a entregar no barco (sem antes o ter matado) deixei-o fugir. Foi o final da pesca neste local... eu já estava cansado e com pouca paciência dadas as condições difíceis e os meus dois parceiros não estavam a usufruir nada da experiencia.


8. O corcovado do dia: apanhado pelo rabo!

Fomos então para uma zona de praia entre Cap Lopez e Port Gentil, as condições eram incomparavelmente melhores mas era só areia...
Já no final, aproximamo-nos ainda de uma estrutura de acostagem de navios para carregamento de petróleo, e aí o meu parceiro espanhol arpoou duas garoupas pintadas. Essas garoupas foram a glória do Carlos e a nossa safa, pois acabaram por ser o nosso jantar desse dia: como a pesca não foi abundante, os peixes grandes ficaram para os pescadores que nos levaram!

9. Carlos: “Pois, pois, se nao fosse eu a apanhar o jantar comiam era mier...”

E as garoupas, grelhadas, estavam de facto deliciosas!

No final, e mesmo assim com condições difíceis, acabou por ser um dia muito bem passado: mar, pesca submarina e peixe para o jantar, o que é que se pode pedir mais...

António Mourinha

(P.S.: para quem for a Port Gentil, no Gabão e pensar em fazer pesca submarina nas plataformas petrolíferas, aqui fica o contacto do Vicentino que conhece muito bem os locais de pesca e certamente vos acolherá bem: tel. +241 07 16 09 60)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ponta Delgada: Mergulho no "Dori"

A apenas duas milhas do porto de Ponta Delgada, existe um navio naufragado de nome "Dori". Cargueiro liberiano, foi construído em 1943, com 70 metros de comprimento, pela WSA e assumiu o nome de “Edwin L. Drake”. Passou por vários proprietários, após a 2ª Guerra Mundial e em 1962, foi registado com o nome “Dori”. A 16 de Janeiro de 1964, o navio afundou-se em frente á Igreja de São Roque, a cerca de 800 metros da costa sul da Ilha de Ponta Delgada. O Cargueiro encontra-se assente num fundo de areia entre os 17 e os 20 metros, sendo que a popa atinge cotas de apenas 9m de profundidade. Apesar de não ter lá visto qualquer troféu, é um local a visitar frequentemente nas caçadas de barco, nem que seja apenas para caçar uns lírios pequenos ou peixe-porco, mas pode-se sempre encontrar uma boa bicuda, uma anchova ou umas belas garoupas lá mais para baixo.
No início de Setembro, após ter deixado o ferro do barco no fundo, pedi ao Brito de Abreu para trazer as garrafas e irmos recuperá-lo. Como a recuperação foi fácil e estava uma manhã de sábado fabulosa, acabámos por ir até ao Dori fazer aquele que foi o meu primeiro e único mergulho com garrafa em um ano de estadia em S. Miguel.
Apesar de não ser em apneia, partilho convosco o filme desse mergulho, para vos deixar alguma água na boca...

Rogério Santana

O meu primeiro Xaréu


Às 3 foi de vez.
Foi a terceira vez que os vi; ainda a semana passada tinha estado a olhar para um a uns 22m e eu a 17 e a pensar que ainda lá chegarei.
Ontem, na Caloura, vi um movimento no limite da visibilidade que me convenceu a ir espreitar uma arcada aos 12m e lá estava ele a pastar à sombra.
Enquanto dava a volta para bazar apontei rápido e disparei.
Depois foi uma luta jeitosa para que não se roçasse muito no fundo.
Pesou 6,7kg.

Rogério Santana



domingo, 11 de outubro de 2009

Aventuras em África: Camarões


Compromissos profissionais conduziram-me a África durante vários meses no início de 2009, mais especificamente à costa ocidental africana e Golfo da Guiné, tendo a oportunidade, nesse périplo, de visitar, entre outros países, o Gana, os Camarões, o Gabão e o Senegal. Relato aqui, de forma sumária, as minhas parcas experiências relacionadas com a pesca submarina nestes quatro países: desta vez é sobre os Camarões.


Kribi, CAMARÕES

Após a Pesca em Busua Beach, praia tropical a Oeste de Sekondi-Takoradi, no Gana, esperava agora, nos Camarões, arranjar disponibilidade para poder realizar o meu “2º round” de pesca submarina em África..., e, de facto, mais uma vez lá consegui molhar o fato. Molhar o fato é mesmo uma força de expressão, porque com a temperatura da água só vesti as calças e na parte de cima enverguei simplesmente uma t-shirt!

Nos Camarões, viajei de Limbe, pequena cidade costeira junto ao Monte Fako (conhecido também como Mount Cameroun, a segunda maior montanha de África Ocidental, com 4070 metros a apenas 95 metros do Monte Atlas), até uma pequena cidade turística no sul do país, chamada Kribi para tentar fazer aí pesca submarina. Comigo seguiam dois parceiros de trabalho: um Americano e outro Nigeriano, o primeiro preparado para mergulhar comigo, o segundo com mais medo de água que gato escaldado!
O local é lindíssimo, situado no sul do país em plena zona de floresta tropical ou “rain forest” na terminologia anglo-saxónica, território ainda habitado, no interior, por grupos de pigmeus. O litoral é turístico, não no sentido em que se poderia utilizar a palavra no nosso Algarve, mas sim no sentido de que tem boas condições para o turismo e algumas facilidades para alojamento com condições bastante decentes. As suas maiores atracções são a simpatia das gentes, a gastronomia baseada no peixe grelhado e, principalmente, aquilo que nos trouxe aqui, as belas praias tropicais de água translúcida, perladas de coqueiros e rasgadas por rochedos aqui e acolá.
Mas assim que chegámos à vista do mar, oh desilusão, de translúcida a agua não tinha nada, estava completamente castanha... Já tinha começado a época das chuvas e, havendo ali muitos rios, ao longo de toda a costa não havia qualquer condição para pescar.
Já começava a pensar em desistir da pesca submarina quando vi uma venda de peixe na praia e decidi ir ver o pescado e tirar algumas fotografias: eram "carpes rouges" (Lutjanus goreei chamadas em S. Tomé e Principe de Corvinas e em Angola de Pargos Lucianos) já de bom tamanho entre os 3 e os 8 kg. Aí encetei uma conversa com um pescador local que me disse que a
àgua para fora das 10 braças se encontrava limpa e que esses eram os fundos melhores para encontrar as ditas "carpes rouges". Imediatamente lhe perguntei se era possível ir pescar com ele, pagando-lhe o combustível e dando-lhe todo o peixe que pescasse, excepto um que ficaria para nós comermos. A resposta foi afirmativa, mas, por indisponibilidade do pescador nesse dia, combinámos apenas para o dia seguinte pela manhã.
Mal podendo esperar, resolvemos aproveitar o tempo para conhecer a terra. Fomos visitar o Parque Natural de Campo-Ma’an, santuário de gorilas e de outras espécies da Floresta Tropical Africana, tendo ainda tido tempo para subir em canoa o rio La Lobe para visitar uma pequena aldeia de Pigmeus.


1. Subida do rio La Lobe de canoa; Chukwuma: “não sei por que é que te estas a rir, isto não me parece lá muito estável” .


2. Na aldeia dos pigmeus.



3. A “chute de la Lobe” ao fundo

Finalmente às oito da manha do dia seguinte lá estávamos no local combinado, eu e os meus dois parceiros, o Americano, e o Nigeriano, este já disposto a ir na embarcação, mas apenas após muitas insistências. Os nossos amigos pescadores já nos aguardavam e tinham tudo pronto para partirmos. Eram dois simpáticos irmãos que fazem vida do mar e que nos conduziram de forma inexcedível. À última da hora o estado de conservação dos coletes não agradou ao meu amigo Chukwuma Azuike, da Nigéria, e este roeu a corda, ficando em seco.
Seguimos para o mar e após breve concílio com o David, o mais velho dos nossos amigos Camaroneses, experimentado pescador de 45 anos, decidimos ir primeiro às baixas das “carpes rouges” e depois ir tentar a sorte numas baixas mais por fora visando eventualmente a captura de alguns pelágicos.
O meu objectivo pessoal era, se possível, apanhar um troféu, procurando também diversificar as espécies capturadas. Claro que, de uma forma ou de outra, tentaria apanhar os maiores exemplares do peixe que visse, pois tínhamos uma “dívida” a pagar aos pescadores e não podíamos deixá-los ficar mal: tinha que apanhar peixe que fizesse valer a pena a saída connosco!
Perdemos algum tempo em sondagens com prumo de mão (escusado será dizer que essa era a única sonda disponível) até dar com algumas baixas. Eram pedras com perto de 4 a 5 metros de altura, rodeadas de areia, em fundos com cerca de 16 a 20 metros. Com efeito as "carpes rouges" lá estavam em pequenos cardumes à volta das pedras, as mais pequenas mais confiantes, as maiores mais esquivas e mais fundas. Havia outros pequenos cardumes de outros peixes aproximadamente do mesmo tamanho e que eu só compreendi serem diferentes após capturar o primeiro: eram de um castanho acinzentado com a boca parecida com os nossos enxaréus, e já me esqueci do nome que os pescadores lhes chamavam, mas posteriormente descobri serem chamados de “Diagramme à Grosses Lévres” ou “Carpe de Mer” (Plectorhinchus macrolepis). A àgua à superfície estava muito limpa, mas turvava ligeiramente perto do fundo, por isso utilizei a minha espingarda de 90 com dois elásticos e carreto, que se provou uma escolha adequada para estas condições e para a pesca por “agachon” junto ao fundo.

4. Chukwuma: “com coletes destes não me apanham lá!”

5. O nosso amigo David

Já não mergulhava desde o Gana e aí foi num fundo bastante baixo, por isso, agora aqui, tive dificuldades em compensar, não os tímpanos, mas os seios frontais. Apesar disso, inadvertidamente exagerei um bocado a velocidade de descida para o fundo e, como resultado, fiz um pequeno barotraumatismo no seio frontal direito que me fez sangrar do nariz. Posteriormente mergulhei mais devagar e o seio desobstruiu-se não me voltando a trazer problemas, mas sempre ia sangrando do nariz.
Neste local apanhei dois destes peixes que descrevi, as “Carpe de Mer”, a maior com 6 kg, uma "carpe noire" (Lutjanus agennes, outro tipo de Pargo luciano) com 7 kg e três "carpes rouges" a maior das quais com 13 kg.
Estava já satisfeito com as capturas, contudo, tinha ainda mais uma carta a jogar nas baixas mais por fora. Aí a agua estava verdadeiramente limpa. Imediatamente ao chegar e entrar na água um cardume de pequenos Carangídeos (julgo que Caranx Hippos, chamados em S. Tomé e Principe de Corcovados e em Moçambique de Charéus-macôa) veio observar-nos, podiam ainda ver-se uns maiores mais fundos e menos confiantes. Aqui o fundo seria perto de trinta metros e o objectivo era fazer esperas a meia agua tentando aproximar-nos a algum destes maiores Caranx. Aqui utilizei a Pelaj de 120 com o tubo de mangueira, e esta mostrou as suas qualidades. Ao contrario do que eu tinha percepcionado no Gana, não se mostrou excessivamente pesada, antes precisa e com a potencia necessária para este tipo de pesca. À terceira tentativa consegui aproximar-me o suficiente de um carangídeo com 7 kg, o qual arpoei. Estes peixes têm uma forca considerável e dão muita luta, mesmo atendendo ao tamanho relativamente modesto do exemplar arpoado. A sua luta atraiu um grande tubarão que evoluía sobre a baixa sempre seguido na “alheta de estibordo” por um grande carangídeo. Não consegui perceber de que espécie seria o tubarão apesar de não lhe conseguir tirar os olhos de cima. Felizmente, algum tempo depois, simplesmente desapareceu no azul, tal como tinha aparecido, o que me deixou bastante mais tranquilo. O meu amigo americano, Augustus Vogel, pegou na minha arma de 90 com carreto e conseguiu também arpoar um carangídeo. Seguidamente, quando voltava à superfície, depois de tentar aproximar-se de outro carangídeo, deu de caras com duas grandes cobias que evoluíam perto da superfície, entusiasmou-se e arpoou uma delas, mas deu-lhe tanto fio que ela foi directamente para o fundo e meteu-se num qualquer buraco. Todas as tentativas foram impotentes para a desalojar, resultado: perdi o arpão e largos metros de fio.
Neste local apanhei ainda mais um carangídeo com 5 kg e, mesmo no final, consegui aproximar-me de uma boa barracuda que arpoei e consegui apanhar após uma valente luta. Felizmente o tubarão não voltou a dar a cara aquando desta luta, o que era o meu principal receio. A barracuda, essa, tinha 14 kg.
6. Carpe noir: esta foi o nosso jantar.

7. Uma boa “carpe rouge”; estou com um corrimento nasal um bocado esquisito

8. Um Caranx Hippos logo após a captura

9. Barracuda: esta já cá canta

10. Perspectiva do fundo nos camarões

11. Perspectiva do fundo nos camarões


Agachon aos pargos lucianos (dos maiores só se vê a silhueta mais ao fundo)


12. Barracuda

13. A maior “carpe rouge” (pargo luciano) que eu apanhei


14. Duas “carpe de mer”

15. Uma “carpe rouge” e uma “carpe noir” (mais dois lucianos).

Eram duas da tarde quando decidimos rumar a terra, cansados, mas satisfeitos. Nós e também os nossos amigos, pois tinham peixe suficiente para fazerem um bom negocio (aqui não é proibida a venda do peixe proveniente da pesca submarina). O peixe começou logo a ser negociado, precisamente no mesmo local onde tudo começou: o mercado na praia.
Foi escolhida a "carpe noire" para ser comida ao jantar, tendo-se logo prontificado o nosso amigo David para a cozinhar grelhada na brasa.
Foi cozinhada e comida mesmo ali ao pé da praia. Estava simplesmente deliciosa, acompanhada com plantain frito (é uma espécie de banana) e umas boas cervejas dos Camarões (aqui a cerveja é muito boa)!
Não havia melhor maneira de terminar um belíssimo dia, do que com uma excelente refeição, bem regada, degustada junto ao mar, ao pôr-do-sol e entre amigos!!!

António Mourinha

(P.S.: para quem for aos Camarões e mais especificamente a Kribi e estiver interessado em fazer pesca submarina vai aqui o contacto do meu amigo David, que certamente vos receberá bem: +237 99 51 36 47)

16. A venda do peixe é logo de seguida.

17. Aí está ela, na brasa...

18. Eu sei, estou a comer com as mãos... mas “em Roma sê Romano”!



sábado, 10 de outubro de 2009

Aventuras em África: Gana


Compromissos profissionais conduziram-me a África durante vários meses no início de 2009, mais especificamente à costa ocidental africana e Golfo da Guiné, tendo a oportunidade, nesse périplo, de visitar, entre outros países, o Gana, os Camarões, o Gabão e o Senegal. Relato aqui, de forma sumária, as minhas parcas experiências relacionadas com a pesca submarina nestes quatro países: desta vez é sobre o Gana.

Busua Beach, GANA

Só após mais de um mês de viagem consegui, finalmente, fazer pesca submarina! Após passagem por Dakar, no Senegal, sem poder aí ir à agua, estava já há alguns dias no Gana, mais propriamente numa cidade que é, na realidade, duas cidades juntas, Sekondi-Takoradi (as duas cidades uniram-se em 1946, tornando-se na 3ª maior cidade do Gana), quando fui com um companheiro Americano tentar a sorte em Busua Beach. Esta é uma praia tropical a 50 km para oeste de Sekondi-Takoradi, conhecido “spot” de surf, com um “resort” turístico de qualidade nomeado a partir da praia onde se situa.

Já antes tinha tentado pescar numa praia da cidade(s) de Sekondi-Takoradi onde estava, mas a agua estava tão suja que mal se viam dois palmos ah frente do nariz. Para alem disso a agua estava quentíssima e eu não conseguia aguentar o meu velho fato de 5mm. De forma que, dessa vez, entrei na água e saí logo! Mas, desta vez, em “Busua Beach” as coisas correram um bocado melhor. A praia é muito bonita, situada numa pequena baia com uma pequena ilha com dois coqueiros, a menos de uma milha de distancia da costa.


2. Perspectiva de Busua Beach com o ilheu ao fundo

3. Perspectiva de Busua Beach

De facto a praia era bonita, mas para a pesca é que não era nada de especial, sobretudo considerando que estávamos em África. Entre a ilha e a praia, o fundo, com 15 metros na parte mais funda, era de pedra, mas esta completamente lisa e sem qualquer vida. Onde havia peixes era já perto da ilha, num local baixinho, num dos lados onde havia alguma rebentação. A visibilidade também não era nada de especial, cerca de 3 a 4 metros (aqui no Gana há bastante "upwelling" o que turva consideravelmente a agua). Os maiores peixes que havia eram papagaios de cerca de 2,5 kg. Experimentei finalmente a minha arma nova de 1m20, uma Pelaj Nemesis e é muito fácil de carregar e precisa no tiro, contudo achei-a um pouco pesadona. Apanhei dois papagaios com ela. Depois fui experimentar a minha Omer de 90, que equipei para esta viagem com dois elásticos, e, isso sim, portou-se muito bem!! Muito mais manejável, o tiro com um alcance espectacular e uma precisão fantástica (até porque por ser mais manejável facilita a pontaria). Já me estou a ver a utilizá-la para as douradas!!! O primeiro peixe a que atirei para testar a pontaria foi a uma espécie de castanheta negra, mas muito maior do que as que há na Madeira, e… na mouche. Depois apanhei um bodião castanho do género daqueles que há na Madeira e nos Açores, um “Red Snnaper” e outro papagaio. Todos os peixes ficaram no fio da arma. A profundidade aqui seria cerca de 5 a 6 metros. Fiquei com curiosidade de ver o que haveria do lado de fora da ilha em maiores profundidades, mas o Sol já se punha e havia que regressar. O Frank, não obstante ser a primeira vez que pescava e ter começado com medo dos tubarões, apanhou rapidamente o “bichinho” e mesmo sem ter apanhado nada estava reticente em vir embora. Tive que insistir para o convencer a regressar à praia.
4. O meu parceiro de pesca Frank Florio termina uma apneia

5. Um papagaio pro jantar, a praia ao fundo

6. Momento romantico: eu e um papagaio ao pôr-do-sol

7. Eu e Frank com a pesca desse dia

8. Katrina na loja/centro de surf, com o pequeno restaurante onde cozinhei o peixe

8.a Peter na cozinha entre o seu pessoal

9. Perspectiva de Busua Beach com o ilheu ao fundo

10. Perspectiva de Busua Beach

Enfim não apanhei nada de especial mas gostei muito da jornada pois já não mergulhava há cerca de um mês e meio e o cenário era de facto fantástico.
No regresso à praia, já de noite, perguntei aos encarregados dos caiaques onde poderia cozinhar metade do peixe, que a outra metade seria para eles. Encaminharam-me para uma “surf shop” de um simpático casal de americanos, o Peter e a Katrina, que se fartaram dos “States” e resolveram aplicar as suas economias neste paradisíaco local do Gana, onde também se envolvem em projectos de desenvolvimento comunitário. A loja/centro de surf, chamada “Black Star”, tem um pequeno restaurantezinho de praia onde me foi permitido cozinhar o peixe. Finalmente provei o peixe-papagaio, que já me tinha sido recomendado pelo António Pacheco, e, de facto, é delicioso: em filetes, muito pouco cozinhados, acompanhado de arroz de vegetais!!! O Peter e a Katrina disseram que foi o melhor peixe que já tinham comido no Gana! Há uma razão para isso à parte dos méritos do cozinheiro, é que aqui o peixe é sempre excessivamente cozinhado, provavelmente inicialmente por razões sanitárias, mas foi costume que se entranhou. Como que a provar esta tese, ao invés dos nossos anfitriões americanos, as suas cozinheiras, locais, recusaram-se a provar o peixe que eu cozinhei alegando estar cru! Mas ninguém se importou muito, pois peixe foi coisa que não sobrou. Que bela maneira de acabar o dia, só faltava mesmo aquele vinhozinho português a acompanhar…

António Mourinha

(P.S.: para quem for ao Gana e pensar em ir a Busua Beach aqui seguem os contactos do Peter: Email Shop info@blackstarsurfshop.com ; Peter Nardini peter@blackstarsurfshop.com Telefone 00-233-207412398; ou uma visita à loja do Pete à distância de um clique em http://www.blackstarsurfshop.com )