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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Pesca Submarina nas Flores





A ilha das Flores, principal ilha do grupo ocidental do Arquipélago dos Acores, desperta o imaginário de qualquer pescador submarino, que sonha encontrar nas suas águas límpidas um paraíso subaquático com muitos e grandes peixes. De facto a transparência das águas das Flores é normalmente das melhores dentro as ilhas açorianas, contudo a quantidade e a qualidade dos peixes que as habitam varia bastante com a altura do ano e com as condições meteo-oceanográficas vigentes, sobretudo se considerarmos que as principais espécies de interesse são espécies pelágicas de aparição sazonal. Por outro lado também já aqui se nota uma rarefação na quantidade do pescado existente, fruto eventualmente das atividades de pesca ou mesmo das alterações climatéricas. Um peixe demersal, e portanto menos sujeito às questões da sazonalidade e das correntes marítimas, e que ainda vai aparecendo com alguma abundância é o Mero, mas esse não se pode pescar... Assim, se não se tiver sorte com os aspetos que atrás mencionei, para se capturarem uns peixes bonitos tem que se "pedalar" um pouquinho...

Este ano, nos poucos dias em que pude pescar nas Flores, as condições climatéricas não estavam das mais animadoras e o peixe mostrou-se pouco abundante. No primeiro dia de pesca fui com o David de Carvalho para os baixos de Ponta Delgada, com entrada à barbatana no porto de pesca desta povoação Florentina. O mar estava puxado a vento de Oeste e havia uma corrente considerável. Pensei que na espuma pudesse ter sorte com alguma anchova de bom calibre, peixe que ainda nunca capturei apesar das múltiplas experiências falhadas de captura, mas não havia peixe que valesse a pena... Apenas vi 3 meros que estimei terem entre os 10 e os 20 kg, alguns sargos grandes (mas não estava ali para apanhar sargos) e também algumas vejas de bom calibre. Acabei por capturar apenas uma veja para cozinhar ao sal. O David não teve melhor sorte, tendo-se dedicado a capturar alguns salmonetes para o petisco.

No dia seguinte fomos entrar para sul das Lajes das Flores, aqui com melhores resultados: os enxaréus apareceram e entre as técnicas do agachon e da caça ao buraco, lá conseguimos fisgar uns quatro.

Também se capturaram alguns pequenos lírios, duas grandes taínhas e um bonito sargo.


Mas o melhor estava guardado para o último dia, já sem o David que já ía a caminho de França. Consegui encontrar umas baixas que ele me indicou a uma profundidade entre os 15 e os 22 metros onde logrei capturar o lírio e o enxaréu das fotos abaixo. O primeiro capturei-o ao agachon, tendo o peixe feito uma entrada junto ao fundo, a contornar o relevo, o que me dificultou um pouco o tiro, sobretudo porque o peixe se expôs já muito próximo e com uma grande variação azimutal. O segundo, por sua vez, foi capturado num buraco cheio de enxaréus, onde os via orbitar à volta do buraco, enquanto escolhia um dos maiores, o qual acabei por capturar. 

O tiro não foi dos melhores, não apaguei logo o peixe, pelo que este, na luta, fazendo alavanca numa pedra, me conseguiu entortar o arpão de 7 mm ao mesmo tempo que espantava todos os outros...


No final destes 3 dias em que pesquei nas Flores posso dizer que a experiência de mergulhar nestas águas, mesmo com pouco peixe, vale sempre a pena, bem como a visão magnífica de um buraco cheio de enxaréus, como já não se usa. Por outro lado as capturas que ainda consegui concretizar também valeram bem a pena! Em suma fazer pesca submarina ou apenas mergulhar nas Flores continuam a ser experiências que enchem as medidas a qualquer amante do mar, seja mergulhador ou pescador submarino, portanto se, para esse efeito, puderem visitar esta ilha, o ponto mais ocidental de Portugal e da Europa, não deixem de o fazer.



Com um abraço subaquático,

António Mourinha