NOVIDADES

SEGURANÇA: http://vimeo.com/2060317
Agenda:

segunda-feira, 26 de julho de 2021

XIV Encontro de Pesca-submarina do CNOCA - Peniche 2021

Dando continuidade à nossa já tradição, realizámos no passado domingo, dia 25 de julho de 2021, o XIV Encontro de Pesca-submarina do CNOCA. Depois do interregno de um ano, considerámos que estavam reunidas as condições de segurança para a realização do nosso encontro.

Feitas as votações, fomos até Peniche e tivemos bastante sorte, pois o mar estava impecável para a prática da modalidade, tendo a zona de pesca escolhida recaído na área da Papôa.
Como não podia deixar de ser e com marés grandes a ajudar, todos sentimos a famosa corrente na Papôa. Desde logo quase todos os participantes optaram por pescar mais encostados, apenas alguns com mais perninhas foram espreitar por fora mas a corrente e a água tapada e gelada também dissuadiram esses corajosos. Com a maré baixa, água gelada e pouco peixe e de pequeno tamanho, a pesca ao buraco foi a eleita para a procura dos melhores exemplares.
Resumindo, os onze “jovens” atletas tiveram que dar no duro para capturar o seu derradeiro exemplar, pois o nosso regulamento para este ano só permitia a avaliação de um peixe por atleta. A cada participante apenas foi permitido levar um exemplar a votação e, entre todos os participantes, foi feita a votação para os três melhores exemplares.
O pódio ficou assim definido:
1º Classificado, um excelente exemplar de rascasso, capturado pelo Jorge Luz;
























2º Classificado, um grande sargo, capturado pelo Mário Andrade;

3º Classificado, uma bonita abrótea, capturada pelo Rana (Luís Veríssimo).


Apesar destes terem sido os exemplares vencedores ainda houve lugar para outras capturas como safios, santolas e outro marisco, porcos bem grandes, sargos e polvos. Todos fizeram a sua pesca.

Na água desde as 8 horas, a melhor parte aproximava-se. Assim que soaram as 1300, foi a correria para desequipar, fazer a votação dos exemplares e seguir rapidamente para o almoço.
O almoço dificilmente poderia ter sido num sitio melhor, almoçamos com a vista maravilhosa sobre o mar da Consolação, sentindo a brisa do mar na cara e o refresco gerado por inúmeras fresquinhas…
O tempo de almoço quase que ultrapassava o tempo da pescaria. Foram horas de convívio, conversas e histórias onde todos à mesa recapturámos caixas de peixe…

Terminámos com um sorteio de prémios e com as fotografias da praxe… com os sortudos do costume a levarem os prémios para casa!

Agradecemos a presença de todos os atletas, ao Jorge Luz pela dinamização do evento e pelos prémios, o apoio da HsDrop e da Pinguim Sub, e aproveitamos ainda para deixar um abraço especial aos que não conseguiram estar presentes por motivos de força maior…


Para a próxima voltaremos ainda mais fortes.


segunda-feira, 19 de julho de 2021

Campeonato Nacional de Pesca-submarina - Nazaré 2021 / Resultados

No fim de semana de 26 e 27 de junho, realizou-se, finalmente, o Campeonato Nacional de Pesca-submarina na Nazaré.

Os atletas já ansiavam por esta prova desde meados de 2020, que era sucessivamente adiada por razões pandémicas ou meteorológicas. Felizmente, no último fim de semana de junho estavam reunidas as condições para a realização da prova, concretamente entre as zonas dos Salgados e a Foz do Arelho. E, assim foi, para mal de muitas tainhas, salemas, bodiões e os demais.

As condições de mar nas semanas que antecederam a prova não deixaram margem para uma boa prospeção, pelo que a maioria dos atletas deslocou-se para a zona de prova no dia anterior ou mesmo no dia da prova. Os atletas do CNOCA não foram exceção, no meu caso, cheguei ao porto de abrigo da Nazaré no dia 25 pelas 11 horas da manhã e iniciei uma voltinha de reconhecimento pela zona 1, e embora a visibilidade fosse fraca, (água esverdeada e com muitas algas em suspensão), observei vários cardumes de “salemossauros”, tainhas muito acessíveis, sargos de bom porte e alguns robalos, estes muito duvidosos em termos de peso.

Na zona 2 o Hugo da Guia e o Rogério Santana faziam o mesmo, e mais tarde juntamente com o Jorge Luz e o Tiago Mota, trocamos todos umas impressões para concluir que na zona 2 o peixe era mais fraco mas a visibilidade melhor. Era também consensual de que havia pouco peixe por fora, um sinal de que iria ser um primeiro dia de prova difícil.

No sábado a 1ª jornada teve o seu início com a habitual partida louca em direção aos pesqueiros, e eu resolvo ficar na ponta de pedra mesmo em frente ao início da prova. Com boa visibilidade consegui identificar uns robalos, mas de porte muito pequeno, e logo de seguida um bodião pontuável, que atiro prematuramente e acaba por rasgar. É aqui que a concentração de um caçador submarino tem de estar em modo zen, deixar fugir pontos logo nos primeiros 5 minutos não é bom. Há que manter a calma e continuar a prova, no entanto, acabo por não ver mais peixe pontuável naquela zona e perder uma hora de prova.

Sem um único ponto na geleira, rumo a sul à procura de um pesqueiro, isto porque no dia anterior só tive tempo de reconhecer a zona 1. Com o instinto apurado, abrandei numa zona de laje, e assim que entro na água “faturei” 3 bodiões em menos de 15 minutos, nada melhor para restabelecer a calma e ganhar confiança.

Continuo a percorrer aquelas lajes de pedra à barbatana, até que descubro uma salema num buraco mesmo na zona da rebentação. Um tiro mal calculado e o peixe acaba por rasgar, outro peixe rasgado e, começam novamente aqueles pensamentos - “devia ter esperado para dar um tiro mais certeiro”, “se calhar o arpão está torto”... Enfim, com o tubo na boca também não dá para praguejar, e na pesca isso não ajuda em nada.

Continuando mais para Sul, mas já a recear pelas horas a passar. Acabo por arriscar noutra zona de rebentação e consigo faturar um sargo entocado. A rebentação era forte e a minha boia andava a bater nas pedras, quando a recolho para pendurar uma salema, o sargo já não existia, tinha desaparecido do enfião sem mais nem menos. Não foi por falta de aviso do Hugo da Guia, que na Madeira já tinha perdido um peixe do meu enfião... ao que parece é demasiado curto, lição aprendida mas da pior maneira.

Rasgar peixe já custa aceitar, perder peixe do enfião é inaceitável, ainda por cima por culpa própria. Nesta altura já me apetecia dar murros na tromba até aparecer o peixe.

Ainda assim, consigo arpoar outro sargo e levar 5 peixes à pesagem, mas que na balança por falta de 20 e 40gr nos bodiões, só pontuei com 3 peixes, ficando no 39º lugar da geral. O Tiago Mota, o Jorge Luz e o Hugo da Guia apresentavam um bom enfião e o Rogério Santana apresentava uma moreia com 4kg, sendo eu o último classificado da equipa do Clube.

Mas isso não me fez perder a fome ou a sede, enquanto apreciava um bom pedaço de carne grelhada ao jantar e rematava com um tinto reserva, focava-me o dia seguinte. É aqui que temos de manter o equilíbrio mental, porque a vontade de virar costas e esquecer a prova é grande, no entanto, é preciso oxigenar o cérebro, perceber os erros para emendá-los e continuar a remar contra a maré, “porque amanhã ainda é dia de prova”.

Domingo, 2º dia de prova, zona 1, sinto-me mais focado e mais relaxado. O ambiente da prova também leva a isso, a competição é quase feita entre amigos, alguns atletas competem há décadas e até caçam juntos, portanto trata-se de uma competição saudável e não de rivalidade clubística e provocações físicas como em alguns desportos.

Devido ao mar ter maior vaga no segundo dia, opto por uma zona mais abrigada, e nessa zona aposto nas pedras mesmo à borda de água. Isto porque o consenso era geral, não se via peixe por fora, a vaga era maior e mesmo com maré vazia, acreditei que o peixe estivesse encostado e escondido.

Começo a descobrir sargos entocados a 1 metro de água, alguns de bom porte. Mudei a arma para uma baby de 60, porque os buracos eram muito curtos e lentamente vou metendo pontos no enfião, que desta vez estava trancado em 2 pontos, e com 3 horas de prova tinha 7 sargos que claramente pontuavam, o maior com 1,6 kg, 2 bodiões e 1 abrótea com 2 kg. Segui aquela velha máxima, de não sair de perto do peixe, para outro sítio onde não se sabe se há peixe. Já com 4 horas de prova faço uns agachons na expectativa de arpoar uma tainha ou salema que já as tinha visto, e numa dessas esperas, entra um robalo de kilo a tiro. Atrás desse aparece outro maior, contudo nem me lembrei que tinha uma arma curta, tantas horas a matar peixe com aquela arma e mesmo assim..., o arpão nem lhe tocou, e os robalos piraram-se. Má decisão minha de fazer ali umas esperas com arma de 60, com medo de perder tempo e ir ao barco trocar.

Nesta altura comecei a sentir o cansaço acumulado nas pernas das apneias curtas mas sucessivas, que fazia naquelas pedras há cerca de 4 horas. Decidi parar para hidratar e alimentar-me, chegando-me mais perto do bote da federação onde terminava a prova. Aí perto, numa pedra que quase chegava à superfície e onde ainda caçavam cerca de 4 atletas, consegui meter mais dois bodiões na geleira e levar 12 peixes à pesagem. Nada mau comparado com outros atletas que não encontraram peixe e sofreram com as condições de mar.

Nesse dia consegui terminar em 17º lugar e recuperar alguns lugares na geral, acabando o campeonato em 23º. Destaque para o Tiago Mota, 15º lugar da geral, e para as provas sofridas no segundo dia do Jorge Luz que o atirou para o 24º lugar, bem como o Hugo da Guia e do Rogério Santana que terminam em 37º e 40º, num total de 67 atletas, onde alguns nem pontuaram.


Resumidamente, foi uma prova dura, água suja, mar batido e peixe difícil de encontrar. Afinal de contas estávamos na Nazaré a competir com os melhores de Portugal e do Mundo. O que torna a prova tão difícil também a torna desafiante, e por isso cá estaremos para o ano, onde quer que seja realizada.

Costumo dizer que nestas provas não há bons ou maus atletas, porque é uma combinação de estratégia, técnica, condição física, e claro, sorte. Basta um destes elementos não estar alinhado e a prova não será bem sucedida. É preciso muita experiência para ser um bom caçador submarino, mas ainda é preciso mais para triunfar numa prova deste calibre.

Parabéns ao novo campeão nacional, André Domingues.

E não podia finalizar sem deixar de agradecer aos meus companheiros de equipa, pela amizade que corre nestes encontros, ao meu barqueiro Mário Silva e o seu barco “teberem quétos” (um marshall com mais de 20 anos) e ao filho da escola Orlando Carmo, “Sari”, que me apoiou no mar e em terra. Sem vocês não tinha obtido este resultado.


Sócio Atleta
Mário Andrade