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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Um sonho, um peixe, um Pargo!

      Pescar é tentar criar a nossa realidade, é forçar os sonhos a tornarem-se realidade. Assim faço eu há cerca de 20 anos. Neste período tenho sonhado com peixes de espécies e tamanhos diferentes, com lances de pesca, com dias de Mar chão e aragens, com imagens semelhantes a alguns vídeos e fotografias vistos naqueles Invernos mais rigorosos.... foi assim que surgiu o sonho de apanhar um Pargo.
 
      É contudo demasiado óbvio que existiram dezenas e dezenas de vezes que fui ao Mar nestes anos e que nem me lembrei que este peixe existia, inicialmente porque não fazia parte dos objetivos e porque pescava apenas na zona de Viana do Castelo, posteriormente porque a probabilidade de um encontro com estes Senhores é baixa, ou muito baixa nas zonas onde pesco no centro do país e com o tipo de pesca que pratico. Refiro contudo que apanhei um pargo (parguito muito pequeno) legítimo em Sines logo no início da “carreira”, que vi alguns pargos mulatos no Algarve com o amigo Tiago Mota e que capturei um pargo sêmea este ano com cerca de 700g num sítio onde “não há peixe”. Os sonhos continuavam assim claramente por saciar.
 
      Como alguns sabem tenho estado, por motivos profissionais, no Arquipélago da Madeira, local onde tenho tentado fazer uns dias de Mar e onde os sonhos se podem tornar realidade. Os que conhecem estas águas sabem contudo que a vida de fundo não abunda e que nem sempre é fácil apanhar uns peixes, embora em conversas com alguns residentes na Ilha tudo pareça mais fácil, como é exemplo disso algumas conversas que tive com o Rui Sousa, entre outros.
 
      Nas pescarias que tenho feito por cá tenho apanhado algumas vejas e preguiçosas, principalmente durante o Campeonato Regional de Promoção da Madeira, uns enxaréus, algumas bicudas, umas garoupas, algumas saimas, uma delas gigante, poucos sargos, alguns lírios pequenos, um safio, um belo peixe cão, um bom polvo e, umas lapas para o petisco. Ou seja, nada de novo, a não ser algumas saimas de bom porte, um avistamento de uma anchova gigante, peixe que procuro há uns meses para cá, o peixe cão, a tentativa de capturar algumas bicudas de bom porte e ainda o facto de ter visto uns serras muito grandes ou mesmo atuns em Porto Santo e umas bicudas acima do meu recorde pessoal. Ou seja, o Pargo ficava assim cada vez mais esquecido até que, com a companhia de uns camaradas decido ir pescar umas vejas para o jantar na zona do Lido. E quando começava já a ficar impaciente, pois as vejas de tamanho assinalável para a Região mantinham uma distância quase sempre fora do alcance útil de tiro, passado quase uma hora, decido apanhar uma mais pequena e quase que decido abandonar e ir ao mercado comprar peixe para o jantar previamente combinado. Eis que decido repetir uma zona com umas vejas de kg. Numa das esperas, avisto o meu sonho, entra-me um peixe grande de cabeça, inicialmente penso num lírio de bom porte, logo de seguida apercebo-me que é um bom pargo, o qual de dá o flanco e que por hesitação não é arpoado no imediato, ainda me veio à cabeça que não tinha a arma ligada à bóia, que ia falhar o tiro, que ia desperdiçar o sonho, a realidade..... até que o peixe decide ficar a ¾ quartos para de seguida, e um pouco mais longe, me dar novamente o flanco, aí disparo e mesmo sem abrir o carreto, oiço aquele barulinho espetacular, rrrrrrrrsssssssssssssss! O peixe tentou afundar em direção a umas pedras no fundo mas ao sentir a prisão que fiz no fio, inverteu a direção e bateu violentamente por diversas vezes numa grande pedra. Aqui pensei que ia perder o peixe e na falta que me fazia o meu companheiro habitual de pesca ou a proximidade de um dos camaradas da jornada, pois não conseguia vislumbrar e garantir que o arpão tivesse trespassado o peixe e a barbela aberto do outro lado do mesmo. Aos poucos fui recolhendo fio para o afastar das pedras até que o peixe ficasse a cerca de 1m do fundo, tentei cansa-lo o mais possível, pois nadava em círculos e tentava atingir novamente o fundo. Após alguns minutos e com os camaradas ainda longe, fui calmamente recolhendo fio, até que acabo por atingir o arpão e ter a certeza que a barbela estava do outro lado. Assim que pude amarrei-o pelas guelras, o que consegui à segunda tentativa, altura em que tive a certeza que já não me fugia. Arrematei o peixe e coloquei-o na bóia.
 
 
      O dia estava feito mas, em vez de regressar decido tentar apanhar mais uma ou duas vejas, nem que fossem pequenas, não fossem os meus convidados não gostar de pargo. No mergulho seguinte vejo outro pargo que estava estacionado à sombra de uma grande pedra, este viu me primeiro e passa à minha frente de fugida para o azul.... como é que é possível penso eu, milhares de apneias e nada de pargos, dois mergulhos, dois peixes..... é a pesca “cfdghjhgo”, é a pesca “carjgahtijolho”.
 
E assim tornei a realidade num sonho, desculpem, o sonho realidade. Lamento a minha confusão!
 
PS - E numa passagem rápida no molhe acabei ainda por capturar um xaréu bem bom!
 
Não desistam.
 
 
Hugo da Guia

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