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domingo, 22 de novembro de 2009

Corvinas em 2009

Pequena corvina de 4 Kg pescada este ano

Como o tempo agora não nos vai permitindo dedicarmo-nos ao nosso desporto de eleição é altura para irmos contando as nossas estórias, aquelas que deram origem àquele dito que é já quase um lugar comum: “pescadores, caçadores e outros mentirosos…”. Actualmente, se a era da fotografia veio dificultar um pouco o aumento do tamanho dos peixes, já o advento do photoshop veio de novo facilitar a tarefa!
Não obstante, a estória de corvinas que vos vou contar é rigorosamente verdadeira (como normalmente afiança qualquer bom pescador, caçador, enfim …), ou não esteja aí o meu amigo Chico “Besigas” Viegas para a confirmar!
Em meados do Verão passado, após verificar que o mar iria estar excelente no dia seguinte, resolvi telefonar ao camarada Viegas para combinarmos ir caçar para um spot de Corvinas nosso conhecido.
No dia combinado perdi-me no caminho e tive que fazer um desvio para não me atrasar ainda mais, o que seria crítico: para além de estar a fazer esperar o Viegas, corria ainda o risco de perder a hora certa da maré, aquela hora especial à qual, no sítio certo elas aparecem! Sim, refiro-me às corvinas…
Quando cheguei já o Viegas estava meio equipado à minha espera e disse-me logo que enquanto esperava “já tinham entrado 3 pescadores submarinos”. Equipei-me rapidamente, tão rapidamente que até o Viegas comentou:
- Estás mesmo cheio de pressa!
- Tenho um encontro marcado, e não me quero atrasar …, retorqui.
- Encontro marcado ? Com quem ? , continuou o Chico.
Terminei a conversa com um “Já vais ver …” enquanto me dirigi apressadamente para a àgua.
De facto já se viam algumas bóias na àgua e precisamente onde pretendiamos caçar! Segui para outro lado e … as bóias foram atrás de mim! Afastei-me para mais longe e… de novo as bóias me seguiram! Era incrível, ou era coincidência ou estava literalmente a ser marcado! Mas este facto até poderia contar a meu favor, pois ao virem atrás de mim os outros pescadores submarinos tinham saído do local onde eu esperava encontrar as corvinas! Voltei rapidamente à “base” e aí entretive-me a fazer alguns agachons.
Não tive que esperar muito até que ela surgisse… enorme, com as pintas prateadas a destacarem-se na sua linha mediana, nadando calmamente como se eu não existisse. Esperei mais uns segundos de uma apneia que já ia longa, enquanto ela, mudando de direcção, se aproximava para me passar por cima. Disparei nesse momento trespassando-a de baixo para cima e o peixe arrancou em grande potência levando-me largos metros da linha do carreto até eu a conseguir aguentar, já à superficie. Verifiquei que o peixe estava bem trancado, e, a custo, fui então ganhando poucos centímetros de cada vez até poder abraçá-la, fazendo uso também das pernas para lhe imobilizar o rabo, enquanto lhe enfiava uma mão pelas guelras. Com o peixe assim seguro deitei uma mão à faca e arrematei o lance. Já com o peixe morto descobri que me tinha esquecido do enfião! Mas a minha pesca estava feita! Já nem sequer tirei o peixe do arpão até chegar a terra (não fosse ela ressuscitar) e fui ter com o Viegas. Ao chegar ao pé dele, mostrando-lhe o peixe, atirei:

- Já vês agora com quem é que eu tinha encontro marcado…

O Chico apenas retorquiu:
- Bom peixe …

De facto era bom: pesou 33 Kg, e no prato não tem desiludido!

António Mourinha

5 comentários:

  1. Gostei da história, mas tenho alguma dificuldade de interpretação, pois não conheço algum bocabolário, designadamente:
    estórias;
    agachons;
    enfião;
    etc.

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  2. Ressalva:
    onde se lê "bocabolário" leia-se "vocabulário"

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  3. Estória ou história:
    A palavra estória surgiu para distinguir a ficção de factos reais. Assim, vimos aparecer a estória da Carochinha. Estória era uma forma antiga de escrever a palavra história e agora parece ter sido recuperada. A razão do seu reaparecimento na nossa linguagem escrita ainda não reúne o consenso dos estudiosos destas questões da língua. Uns pensam tratar-se de uma influência do português do Brasil, outros uma tentativa de copiar a distinção inglesa story/history.
    Agachon:
    É uma técnica de pesca subamarina que consiste em ficar parado no fundo enquanto se espera o peixe que se aproximará (espera-se) devido à sua natural curiosidade.
    Enfião:
    Utensílio para se prender (normalmente pelas guelras) o peixe capturado.

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  4. Mais um belo exemplar.. Parabéns!

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