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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A minha primeira Corvina




Uma sexta-feira no final de Julho de 2008 o Mar prometia e como as condições meteo-oceanográficas pareciam favoráveis ao aparecimento de douradas resolvi desafiar os habituais companheiros de pesca para visitarmos um “spot” onde já temos apanhado dessas “bichinhas”. Levei quatro negas que contudo não me esmoreceram, as condições estavam óptimas e não obstante não ter companhia iria na mesma.
Para a jornada procurei eleger uma arma que me permitisse tiros longos e alguma capacidade de penetração: a escolha recaiu sobre a minha 1ª arma, uma velha “Marlin” de metro com o punho metálico, comprada em segunda mão ao filho do António Bessone numa loja que ele tinha na Costa da Caparica, armada com um arpão de 7 mm propulsionado por elásticos “Megabooster” para armas de 90 cm.
Chegado ao local, após a entrada à barbatana, logo comecei a fazer “agachons” num dos pontos quentes onde as Sparus aurata costumavam aparecer. Ao terceiro “agachon” entra-me lateralmente uma boa dourada, vinda da minha direita como um fantasma, com a sua silhueta mal se distinguindo do azul-prateado da água. Vem calma, o tiro parece fácil… atiro… o arpão apenas pica o bicho que ainda se contorce… Após algumas maldições surdas percebo que avaliei mal a distância: a água estava relativamente limpa, a areia como fundo e o tamanho do peixe certamente maior do que o que eu pensava. Bom há que continuar a insistir… Mais 4 “agachons” e nada. Resolvo mudar de poiso, nova espera no fundo e … começo a divisar uma silhueta que cresce, vinda mais uma vez da minha direita, sobressai dela uma linha de pintas como que brilhantes, na mediania do corpo. É uma corvina !!! O coração dispara enquanto ela se continua a aproximar com movimentos lentos, a mesma lentidão com que logo se vai afastando. Eu, como que hipnotizado, só então disparei, indo o arpão cravar-se-lhe no lombo imediatamente atrás a cabeça, de trás para a frente. Nessa altura o animal arrancou cheio de força enquanto eu vinha à superfície. Tinha a ideia de que o arpão não a teria atravessado, por isso, após ganhar algum fôlego, tive pressa de chegar ao peixe. Mergulhei tentando agarrá-la, mas nessa altura o peixe fez um esforço derradeiro e, confirmando os meus piores receios, rasgou-se…
O meu ânimo ficou tão frouxo como o fio do arpão que agora me pendia na mão. Como se não bastasse, instantaneamente a seguir, e antes e eu poder esboçar qualquer gesto de carregamento da arma, passa-me por baixo um cardume de várias dezenas de corvinas onde os exemplares com 8 – 10 kg pareciam netas das maiores. Eu, que nunca tinha apanhado uma corvina e tinha assumido recentemente essa captura como o meu próximo objectivo pessoal perante a condescendência dos amigos que respondiam amiúde «sim… sim…», agora tinha visto goradas não uma mas duas oportunidades de ouro… A adrenalina que ainda me circulava no sangue e que não deixava o coração abrandar a sua marcha acelerada, acabava por ainda acicatar mais a minha desilusão.
Resolvi tentar outra vez e fazer mais algumas esperas… mas nada… ao fim de mais 5 “agachons” desisti e fui para a bordinha ver se apanhava uns sargos que me mitigassem o desaire. Mas eu não conseguia atirar aos sargos! A experiência recente não me saía da cabeça! Resolvi então apanhar uns polvos. Cinco polvos e cerca de uma hora depois a minha teimosia conduziu-me de novo ao local onde tinha arpoado a corvina. Faço um “agachon” e após alguns segundos não é que me surge outra vez a mesma silhueta enorme, as mesmas pintas brilhantes, mas desta vez a meia água, secundada por mais duas silhuetas semelhantes. Eu não podia acreditar !!! Desta vez não esperei que os peixes se aproximassem e nadei muito lentamente para me posicionar debaixo da posição onde estimei que elas iriam passar. Quando fui detectado e elas começaram a querer mudar de trajectória disparei imediatamente àquela que estava mais próxima e quase sobre mim. Agora não tive dúvidas de que o arpão atravessara o peixe de baixo para cima! Fui-o puxando para mim com a calma que conseguia ter. Este peixe era ainda maior que o anterior, mas fosse pela posição do arpão ou fosse por lhe ter atingido órgãos vitais estava a fazer muito menos força! Finalmente agarrei-a pelos opérculos e trouxe-a até à superfície onde arrematei o peixe.
Pendurei-a então na prancha e afastei-me alguns metros para a poder contemplar melhor: ainda me custava a acreditar!
Que jornada fantástica: passara por uma desilusão incrível, que agora ainda sobrelevava mais o gáudio que estava a sentir. A minha primeira corvina pendia do enfião! Pesou 34 Kg!

António Mourinha





3 comentários:

  1. PARABÉNS, desta vez ficam registados!

    É verdade, e pensar que eu estive para ir nesse dia, apenas a proximidade do meu casamento, os mergulhos frequentes nos ultimos tempos, e uma ou outra discussão me fizeram repensar e optar por não ir.....

    Contudo, este ano já tive uma aparição... para não esquecer, foi a primeira e de bom porte. Penso que só não contar com o peixe naquele local, a visibilidade inferior a 1,5m e o espetáculo de admirar e reconhecer o peixe que não se encontrava a mais de 1 metro de mim, me fizeram não disparar.

    Sei que com dedicação e disponibilidade, é uma questão de tempo.

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  2. Concordo contigo, o mais importante é termos um objectivo e persegui-lo com dedicação e disponibilidade.
    Também acho que mais tarde ou mais cedo vais captura a tua primeira corvina.

    PS: A outra que se rasgou deu à costa nesse dia ao final da tarde. Dizem que teria 25 kg...

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  3. Os meus parabéns! Que peixe espectacular! Já tive várias vezes para entrar nesse local mas a presença exagerada de pescadores à linha
    e a força do mar fizeram-me hesitar.. Sei de muitos pescadores que aí apanham bons exemplares de douradas.

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