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sábado, 22 de outubro de 2016

Uma pesca inesperada


Às vezes as coisas que acontecem inopinadamente e sem qualquer planeamento são aquelas que resultam melhor, e as que, pelos resultados inesperados, mais superam as nossas expectativas e nos deixam satisfeitos e preeenchidos.
A pesca que vos vou contar enquadra-se nesta categoria de acontecimentos insuspeitos e bem sucedidos, e merece por isso ser aqui relatada.



Tudo se passou num dia deste generoso Outono, em que a meteorologia apresentava mais uma vez um dia bonito e com bom mar, mas em que vários compromissos me afastavam da possibilidade de ir para o oceano praticar este excelente desporto que é a Pesca Submarina. Por esse facto afastei completamente tal possibilidade do meu pensamento, ainda que muito a custo, pois as previsões que se avizinhavam traziam ecos de mudança meteorológica e anunciavam a invernia a chegar com os seus temporais, sabe-se lá até quando... 

Mas, subitamente, eis que, após o almoço, os compromissos vespertinos surpreendentemente desapareceram, como uma nuvem sombria que inesperadamente se desvanece, e a tarde ficou livre para poder ir para o mar! Demorei algum tempo até que essa hipótese, que tanto me tinha esforçado por recalcar, viesse de novo à minha mente, mas, assim que surgiu, imediatamente comecei os preparativos. Antes ainda tive tempo de, num rápido telefonema, desafiar o Nuno Rosado: podia ser que ele também pudesse vir pois é sempre melhor ir para o mar em boa companhia. Mas, infelizmente, também ele andava ocupado e deu-me nega, pelo que comecei desde logo a arrumar o material, que costumo ter sempre pronto e preparado, pois o tempo era escasso! Contudo, logo ao primeiro teste à lanterna verifiquei que esta estava completamente descarregada. Poderia ir sem lanterna, mas queria ir visitar um buraco de safio que provavelmente teria peixe, pelo que tal seria desaconselhado... que fazer... bem, pensando no safio e no pouco tempo disponível para uma pesca mais ambiciosa não havia outra alterativa que não fosse colocar a bateria da lanterna a carregar e adiar mais 20 minutos a minha saída. Assim, após uma breve carga da bateriaque apenas daria para um uso muito moderado da lanterna, lá me fiz ao caminho.
Após algum tempo da viagem, à chegada ao spot foi equipar rapidamente e entrar na água. Esta estava um pouco turva, sobretudo na borda, mas, ainda assim aceitável para pescar mais por fora. 

O tempo era pouco e não havia tempo para inventar: era ir às pedras conhecidas, pescar e voltar, pois o por-do-sol era cedo... Lá me fiz ao mar e, após localizar as baixas onde fica o buraco no qual esperava encontrar um safio, comecei por optar fazer uns agachons pois havia movimento de peixe miúdo. Durante um destes agachons entra um grande robalo, logo seguido de outro do mesmo calibre. Optei por este último, apontei a arma, tendo de disparar um pouco antes de ter o punho ao nível do olho, pois os peixes já se preparavam para zarpar para outras paragens. O tiro saíu por isso um pouco alto, tendo acertado no lombo do peixe, por baixo da barbatana dorsal. Subi deixando o peixe correr fio do carreto, o qual depois recuperei com cuidado até conseguir agarrar o robalo. Confirmou-se um peixe de bom porte, um "bébé" como lhes chama o Guia!... Já tinha valido a pena a pesca, mesmo que rápida e curta! Satisfeito com esta captura, insisto nos agachons, demorando alguns até ao limite da apneia. Numa destas apneias aparece um cardume de tainhas que se aproxima e quase me envolve, entre estas surge um silhueta distinta, de um peixe bem mais robusto, o qual se aproxima curioso e que reconheci como um lírio de bom tamanho, pelo menos para estas paragens. O peixe chega-se a tiro e desta vez este saiu perfeito: o charuteiro, como é designado na Madeira, atingido na espinha, simplesmente afundou no sítio onde estava. "Nem disse nada" como diria o meu amigo Frank Zino! Agarrei o peixe e regressei já com ele à superfície, podendo aí congratular-me com o facto de o tiro ter sido paralizante, pois constatei que a barbela não tinha passado para o outro lado do peixe! 
Já com a pesca feita, não podia contudo deixar de ir ainda visitar o buraco de safio, tendo verificado que, como supunha, este estava habitado por um safio decente, o qual foi capturado sem história e foi mais um a juntar-se ao enfião.
Agora havia que voltar a terra, desequipar e fazer o caminho para casa, que o ocaso já se avizinhava.


À saída ainda encontrei um pescador que me tirou um fotografia com o telemóvel, que ficou de fraca qualidade, até porque a luz já escasseava, mas que ainda assim aqui reproduzo.
Agora sim, já me sentia com balanço moral para enfrentar os longos dias de invernia e mar mau que se aproximavam inexoravelmente!


As outras fotos foram tiradas já em casa, com uma máquina com flash e assim ficaram mais aceitáveis.

Moral da história: mesmo com pouco tempo e inopinadamente vale sempre a pena ir ao mar!

Um abraço subaquático e bons mergulhos, sempre em segurança!

António Mourinha